Diário de Bordo - 2° dia


Na cama nas alturas novamente. Tentando me concentar na escrita. Ouço pessoas conversando na sala (hoje tem mais uma: tia Tita), ouço algum animal andando perto da janela e também ouço meu irmão se revirando na cama.
O dia passou que nem vi. Acordei cedo, mas levanei tarde. Fiquei deitada pensando, pensando, pensando...
Tomei café e fui pro banho com água bombeada do poço. Água boa para o cabelo, dizem. Quanto mais cedo você tomar seu banho menos frio você passa.
Depois do banho minha mãe pediu que a acompanhasse na casa de sua comadre. Pensei comigo: "Pronto, vai começar a Via Sacra pelas casas dos parentes e a bebeção de café".
Aqui você precisa aceitar a xícara de café que em São Paulo é oferecida (isso quando é) por educação.
Na minha última estada nós visitamos quatro casas em um dia. Foram quatro xícaras de café seguidas. É muito para quem não gosta.
Lá fomos nós...
Assim que entramos avistei minha salvação do tédio no colo da comadre. Lavínia, 2 anos e muita personalidade. Conversamos horrores.
Vez por outra eu me desconectava da conversa mirim para prestar atenção no diálogo de comadres e assim saber quando dizer sim para o café:
- Comadre, como está ficando linda a casa nova de vocês!
- Tá mesmo, você já entrou lá?
- Não, mas depois eu vou.
- Vai sim, Você precisa ver o tamanho da cozinha!
Mineiro não muda, adora cozinha. Logo, logo vem a oferta do café... Certeza!
- Senta ai comadre...
Começa assim!
- Vocês não querem um gole de...
Olha ele aiiii....!
-... vinho?
OPA! Sérá que eu ouvi direito, vinho??
- Quer um gole de vinho? É uma delícia o vinho que o Luiz trouxe.
-Quero sim! - Respondi finalmente.
E foi tomando vinho que continuei minha conversa com a Lavínia.
Depois do almoço voltamos à civilização (leia-se confusão). Fomos até a cidade buscar minha tia. Minha mãe aproveitou para ir ao mercado. Meu irmão e eu fomos para o Cristo (de bondinho!).
Conversamos bastante. Ele tem um carinho e admiração por mim sem tamanho. Gosto de senti-los.
Demos umas voltas pelas praças (e como tem praças!) e em uma delas acontecia um ensaio da Orquestra Sinfônica. Fiquei encantada e com vontade de contar para alguém. Vontade de completar a ligação e dizer que tudo corre bem, que eu tive uma vista linda do Cristo e que naquele momento o solo de violino me arrepiava.
Mas para quem eu ligaria? Com que eu poderia dividir conquistas tão pequenas? Seria perfeito contar para um Par. O meu Par...
Mas será que tenho um?
Ao término do solo ficou a dúvida e o celular fechado na mão.



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