Badulaqueando


"Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito."

Li essa frase num dos Badulaques que me foi emprestado por ela. Tal leitura ajudou a entender uma sensação de mais cedo.
Um momento desses simples, mas carregado de sentimento, foi vivido no trabalho.
Mania de sair do corpo e olhar do alto. Admirar, sentir cada vírgula da emoção. Compartilhar se encaixa bem ai.
Hoje o primeiro número que quase digitei no celular foi o dela.
Quase.
A vontade era ligar e contar com detalhes, mas ainda não consigo.
O medo fez a ligação ser completada para um número costumeiro. A conversa saiu ótima como sempre, livre de qualquer insegurança besta.
No entanto, aquela primeira vontade ainda está aqui.


Até uva passa


Cansados e em ritmo lento fomos os dois reorganizando a casa.
Limpando e ocupando os espaços que ficaram vazios.
Estranheza nos vãos.
Mas foi bom, para quem fica e para quem vai.


Wave


Difícil ir além dos limites desse aquário.
A redoma de vidro garante a valorizadas individualidade, liberdade, solidão...
Dia desses, a mente repetia a canção:

"Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho..."

Um devaneio desses tolos decretou em mim: Jobim com certeza aguadeiro do zodíaco não era.

Em um click o Google veio contrariar:
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
Apelido, Tom Jobim.
Data de nascimento, 25 de janeiro de 1927.


Seria esse um outro Tom de aquário?
Ou apenas um aquariano 'evoluído' que admite essa máxima?

Do asfalto

E naquele momento, se eu pudesse, não seria no circular que eu entraria. Carona na cauda do Cometa. Vontade dela e da garoa. Intensa.

Afinou-se ainda mais. Sim, isso foi possível.

“Conseguiu comprar o Woody?”

Essa pergunta me surpreendeu. Algo tão íntimo e específico e ela sabia. Mais ainda, estava preocupada com a compra. Talvez por saber que se tratava de um presente especial para mim. Talvez porque o que me é importante também seja para ela, por pura extensão do sentimento.

A sensação de surpresa se deve à distância.

Todavia, nem oceano e nem estrada.

Já entendi que estamos longe de chão, mas coladas de coração.

Mal necessário


E foi assim: depois muito tempo enrolar, de supetão eu decidi: “Marque para sábado, eu irei.”

No dia e horário combinados lá estava eu esperando por ele. Que alegria é quando nos encontramos. Abraço forte, desses de estralar as costas. Um comentário sobre a barba, sobre o seu perfume e de mãos dadas logo ficamos.

O caminho a ser percorrido nos levaria até sua família. Um jantar fora organizado para me receber. Quanta responsabilidade!

Nem bem entrei e já percebi a organização da família: as três mulheres da casa: avó, mãe e irmã na cozinha, terminando a boa comida. Pai e irmão mais novo sentados no sofá da sala, vendo TV.

Fui muito bem recebida e fiquei completamente envolvida naquele clima ‘família analisando a nova namorada’.

Terminado o jantar ele recebeu a permissão para dirigir o carro do pai, pela primeira vez. “Não vamos deixá-la voltar sozinha!”

Um misto de sensações me embriagaram durante a volta. Culpa, por mentir. Frustração, por não ser verdade. Desejo, de que um dia essas mentiras não sejam mais necessárias.