Verde

Era a única cor que eu já sabia.
No entanto, foi a parte do desenho que senti vontade de pedir a opinião dele:
- Que cor uso no pássaro?
E ele disse todo empolgado:
- Verde!

Traduzi, neste momento, a nossa relação:
IDENTIFICAÇÃO.
ESPELHO.
Ireal de tão real por vezes.
Ele ameniza minhas inseguranças.
Todos os amigos fazem isso de certa forma, mas há uma diferença.
Ele me apoia/acolhe/entende sendo eu comigo.
Somos a mesma pessoa, em todas as partes em que se pode ser parecido com alguém. Até nas inconscientes.

Há os que possam dizer:
"Amizade assim é uma delícia mesmo, ele sempre vai te dizer o que você quer ouvir"
Lêdo engano.
Ele retira de mim o que há de mais obscuro.
Joga na face o que insisto esconder.
Nossas conversas são quase inconversáveis de tão abstratas, e quase tudo dito em meias palavras, não precisamos nos explicar.

Uma amizade ganha sem força.
Vinda de uma noite bagunçada,
saída de outro vínculo.

Porém certeira ao ponto de tomar contas de todos os dias, horários, vontades, devaneios...
Sinto vondade de me trancar na sacada (nosso lugar) com ele,
seja para falar, ficar em silêncio, rir, chorar, dançar as músicas prediletas da balada, cantar os hinos da igreja...
Não há restrições.


A necessidade foi criada, instalada.
E era por isso que eu teimava tanto em escrever.
Sentimento escrito vira documento.
Está documentado que não sei mais passar os dias sem você.

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