Gikovate

"Entre amor e individualidade, opto pela segunda. Faço isso ciente de que ela implica a morte do amor romântico, a meus olhos o grande vilão da história. O final é feliz porque determina a supressão de uma gama enorme de sofrimentos inúteis e dilacerantes. Libertos do anseio de fusão - que entendo como algo que aponta para o passado, e não para a frente - , indivíduos podem seguir seu caminho na direção da autonomia e da liberdade. Livram-se definitivamente da obsessão de procurar alguém de quem depender ou que dependa deles. A dependência recíproca sempre foi buscada com o intuito de atenuar a sensação - inexorável - de desamparo.
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Teremos avançado na questão sentimental quando nos dedicarmos menos a ela.
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Sofremos muito no início diante da idéia de que temos de nos bastar e conseguir ficar bem sozinhos; mas, com o passar do tempo, lembramo-nos cada vez menos daquela droga - ou da dependência romântica.
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A sensação de desamparo vai sendo substituída pelo bem-estar que deriva da auto-suficiência. Essas vivências correspondem a um período de grande evolução e amadurecimento emocional: em vez de sermos adultos com carências típicas de crianças, passamos a encontrar forças para cuidar de nossas 'feridas'. "